David McConnell vendia livros de porta em porta, e dava uma pequena amostra de perfume a cada venda. Ele logo viu que seus clientes estavam mais interessados nos perfumes do que nos livros, e abriu a California Perfumes, em Nova York, em 1886. A empresa mais tarde seria rebatizada de Avon.
Uma jovem polonesa chegada em Melbourne em 1902 levava potes de creme de fabricação familiar que auxiliava no cuidado da pele castigada pelo clima quente e seco da Austrália. Esta jovem, chamada Helena Rubinstein, abriu sua primeira loja na rua Collins, em Melbourne e mais tarde mudou-se para os Estados Unidos. Sua contribuição foi grandiosa para a emergente indústria cosmética.
A principal concorrente de Helena Rubinstein foi Florence Nightingale Graham, mais conhecida como Elizabeth Arden, uma canadense que em 1910 abriu seu primeiro salão Red Door em Nova York e criou um império com filiais em todo o mundo. Ambas foram desafiadas por Charles Revlon, que estabeleceu sua empresa, a Revlon, inicialmente com apenas um produto, conhecido então como verniz de unha.
O primeiro creme para pele que utilizava água em óleo foi produzido em 1911; era o creme Nívea. O nome faz referência à cor branca do creme e relaciona-o à neve. Na primeira década do século XX, o imigrante polonês Max Factor começou produzindo maquiagem para teatro, na costa oeste dos Estados Unidos, mas logo percebeu o potencial de consumo entre as mulheres, e passou a fabricar seus produtos em 1920 para este mercado.
A palavra cosmetologia foi criada pelo Dr. Aurel Voine, durante o Congresso Internacional de Dermatologia de 1935 em Budapeste. Segundo ele, cosmetologia é o conjunto das ciências do embelezamento e suas implicações dermatológicas, biológicas, químicas, farmacêuticas, médicas e médico-sociais.
Século XX
Nas últimas décadas do século XX a maquiagem passa a acompanhar de perto as cores da alta costura, e o filtro solar ganha importância para prevenir os danos provocados pelo excesso de sol. Os consumidores tornam-se cada vez mais exigentes: querem ressaltar sua beleza natural com fórmulas mais leves e obter resultados mais rápidos; se antes esperava-se um mês para ver os resultados de cremes e loções, agora os benefícios aparecem em até 24 horas. Os cosméticos não apenas cobrem as imperfeições, mas controlam rugas e escondem as marcas do tempo. A partir de 1990 começa a batalha contra a celulite com o uso de cremes específicos, e bastante caros. Também é o tempo dos auto-bronzeadores. Celebridades, esportistas, atrizes e modelos lançam suas próprias linhas de cosméticos para ousar em relação a cores e tons de maquiagens. Isabella Rossellini, demitida como modelo oficial da Lancôme por estar ‘muito velha’ aos 43 anos, lança um manifesto garantindo que mulheres de todas as idades podem ser belas. Surgem os cosméticos multifuncionais, como o batom e o condicionador com protetor solar e o hidratante que previne o envelhecimento.
Uma das maiores revoluções do século XX data de 1995, quando a nanotecnologia entra pela primeira vez na fórmula dos cosméticos. A Lancôme, divisão de produtos de luxo da L’Oreal, lança um creme facial com nanocápsulas de vitamina E para combater o envelhecimento usando uma fórmula desenvolvida e patenteada pela Universidade de Paris. A partir daí as maiores empresas mundiais de cosméticos começam a investir em pesquisa e desenvolvimento de diversas linhas de produtos que utilizam a nanotecnologia.
Outra característica dos anos 90 foi o fortalecimento de linhas de produtos feitos com ingredientes naturais. Ingredientes amazônicos, como a castanha do pará, guaraná e andiroba, ganham espaço na preferência dos consumidores em produtos como cremes, xampus e perfumaria. Mais uma vez o trabalho dos químicos é importante para obtenção dos extratos puros das plantas, de proteínas a baixo custo e criação de novos sistemas de transferência de ativos.
Século XXI
Os nanocosméticos entram no século XXI já como um setor específico da indústria química juntamente com os produtos de higiene pessoal e perfumaria. A produção de nanocosméticos está mundialmente inserida na indústria de cosméticos convencionais, constituindo, de maneira geral, uma linha de produtos diferenciados. Um nanocosmético pode ser definido como sendo uma formulação cosmética que veicula ativos ou outros ingredientes nanoestruturados com propriedades superiores em sua performance em comparação com produtos convencionais. A escala nanométrica corresponde à bilionésima parte do metro. Os nanocosméticos têm várias vantagens sobre os cosméticos convencionais, como melhor penetração nas camadas mais internas da pele onde os ativos são mais necessários, e uma distribuição mais homogênea das substâncias. Por exemplo, formulações de protetores solares com TiO2 nanoparticulado prometem tornar esses produtos mais eficientes.
Além da nanotecnologia, o que marca o século XXI é o envelhecimento da população, que junto traz a tendência de as pessoas quererem parecer mais jovens. Com isso, os cremes anti-idade ganham importância. Os alfa-hidroxiácidos, utilizados em cremes para renovar a pele, tendem a ser substituídos por enzimas, que são mais eficazes. As cirurgias cosméticas e tratamentos como implantes de colágeno e injeções de botox para reduzir rugas e marcas de expressão são outro fenômeno da atualidade.
Na maquiagem, o uso de matéria-prima mineral para a pintura de pele ganha força com o aprofundamento das pesquisas e a exploração das propriedades presentes nas argilas, nos óxidos, dióxidos, micas, malaquitas, no magnésio e até em pedras semipreciosas, como a ametista, a safira e a turmalina. O dióxido de titânio – pigmento branco – é usado em praticamente todas as maquiagens e também na fabricação de protetores solares, já que cria uma barreira sobre a pele, bloqueando de forma física a radiação solar.
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